Este blog foi lançado em novembro de 2012. Mais do que um canal de informações é um espaço destinado ao intercâmbio violonístico de estudantes, profissionais e amadores, porém dedico o material aqui apresentado aos meus alunos, futuros violonistas.
O compositor brasileiro Arthur Kampela é destaque no
festival Ultraschall em Berlim, Durante o
festival de música contemporânea, Kampela encantou o público alemão com bossa
nova e samba. Em seus estudos de percussão para violão, o músico criou novas
técnicas e se tornou uma referência mundial.
Arthur Kampela
Kampela
é um dos grandes nomes da música contemporânea atual e já escreveu peças para a
Orquestra Filarmônica de Nova York. Sua carreira começou no Rio de Janeiro,
onde ele estudou música.
Na década de 1990, o compositor ganhou uma bolsa para
fazer mestrado na Manhattan School of Music em Nova York e depois doutorado na
Columbia University, onde hoje dá aulas de composição.
Atualmente, o músico é
bolsista do programa para artistas do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico
(DAAD, na sigla em alemão). Pelo programa, artistas do mundo inteiro têm a
possibilidade de viver um ano em Berlim e se inspirar na cidade para produzir
novos trabalhos.
Para entendermos
melhor sobre a forma dele compor e tocar, voltemos um pouco no tempo. Na
década de 50, o princípio do Serialismo, forma de composição desenvolvida por
Arnold Schoemberg, começa a ser estendida através de compositores que utilizam
em suas obras novas concepções nos parâmetros musicais – as durações, os
timbres e as intensidades. Essa busca vai se concretizando e recebe o nome de
serialismo integral.
Compositores
brasileiros foram bastante influenciados por essa tendência. Como exemplo, cito
nesta matéria do blog, a recorrente utilização do uso do tampo do violão como
percussão, sendo essa utilização não apenas como um efeito musical, algo já
trabalhado em peças de compositores diversos: Léo Brouwer, Edvaldo Cabral, mas
sim como uma função principal da elaboração e construção musical. Na década de
70, Edino Krieg discretamente iniciou essa “forma”, mais foi de fato elaborado
pelo professor e o compositor Arthur Kampelaem
sua série Percussion Studies. O uso da percussão no violão faz parte do
universo e cultura violonistco, por exemplo, é comum ser usada no Flamenco.
Nesse estilo cujas origens remontam às culturasciganaemourisca, com influência de árabes ejudeus.as percussões no tampo servem como acentuações e
muitas vezes são executadas simultaneamente às palmas ou sapateios. Porém
o Arthur Kampela vai muito além da percussão ele explora em suas peças musicais
as potencialidades articulatórias, sonoridades são extraídas nas cordas com
ambas as mãos. Veja o vídeo abaixo do compositor pra entender melhor do
que estamos tratando.
Convém salientar que tudo é
escrito na partitura através de sinais. Alguns deles eu coloquei abaixo pra
você ter um ideia:
"Percussions Studies"
"Além de
compositor, Kampela é um excelente violonista. Sua série Percussions
Studies para violão o tornaram conhecido mundialmente. "O violão
definiu meu estilo de compor. Quando eu toco o violão, não estou só tocando,
mas exercendo o meu ser, funciona como uma explicação de quem eu sou",
contou o músico.
Um dos
diferenciais dos seus estudos de percussão é a transferência de técnicas de
violão para outros instrumentos, como a viola. "Eu queria trazer a minha
técnica para outro contexto morfológico. É a reinvenção da função do
instrumentalista e a reinvenção do instrumento", definiu Kampela.
Em maio, sua
peça Uma faca só lâmina será tocada pela primeira vez por
completo em Nova York. O quarteto de cordas, baseado no poema de João Cabral de
Melo Neto, foi escrito há 13 anos como peça de conclusão de seu doutorado, e
pela complexidade e dificuldade, a primeira e a segunda partes nunca haviam
sido tocadas num mesmo concerto.
Além disso,
Kampela está escrevendo uma peça para o Collegium Novum Zürich e para a edição
de 2014 do festival de música contemporânea MaerzMusik." (2013, Clarissa Neher)
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