quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Arhur Kampela, destaque em Berlim

Miquéias Bandeira


O compositor brasileiro Arthur Kampela é destaque no festival Ultraschall em Berlim, Durante o festival de música contemporânea, Kampela encantou o público alemão com bossa nova e samba. Em seus estudos de percussão para violão, o músico criou novas técnicas e se tornou uma referência mundial. 

Arthur Kampela
Kampela é um dos grandes nomes da música contemporânea atual e já escreveu peças para a Orquestra Filarmônica de Nova York. Sua carreira começou no Rio de Janeiro, onde ele estudou música. 
Na década de 1990, o compositor ganhou uma bolsa para fazer mestrado na Manhattan School of Music em Nova York e depois doutorado na Columbia University, onde hoje dá aulas de composição.

Atualmente, o músico é bolsista do programa para artistas do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD, na sigla em alemão). Pelo programa, artistas do mundo inteiro têm a possibilidade de viver um ano em Berlim e se inspirar na cidade para produzir novos trabalhos.

Para entendermos melhor sobre a forma dele compor e tocar, voltemos um pouco no tempo. Na década de 50, o princípio do Serialismo, forma de composição desenvolvida por Arnold Schoemberg, começa a ser estendida através de compositores que utilizam em suas obras novas concepções nos parâmetros musicais – as durações, os timbres e as intensidades. Essa busca vai se concretizando e recebe o nome de serialismo integral.

Compositores brasileiros foram bastante influenciados por essa tendência. Como exemplo, cito nesta matéria do blog, a recorrente utilização do uso do tampo do violão como percussão, sendo essa utilização não apenas como um efeito musical, algo já trabalhado em peças de compositores diversos: Léo Brouwer, Edvaldo Cabral, mas sim como uma função principal da elaboração e construção musical. Na década de 70, Edino Krieg discretamente iniciou essa “forma”, mais foi de fato elaborado pelo professor e o compositor Arthur Kampela em sua série Percussion Studies. O uso da percussão no violão faz parte do universo e cultura violonistco, por exemplo, é comum ser usada no Flamenco. Nesse estilo cujas origens remontam às culturas cigana e mourisca, com influência de árabes e judeus. as percussões no tampo servem como acentuações e muitas vezes são executadas simultaneamente às palmas ou sapateios. Porém o Arthur Kampela vai muito além da percussão ele explora em suas peças musicais as potencialidades articulatórias, sonoridades são extraídas nas cordas com ambas as mãos. Veja o vídeo abaixo do compositor pra entender melhor do que estamos tratando. 

















Convém salientar que tudo é escrito na partitura através de sinais. Alguns deles eu coloquei abaixo pra você ter um ideia:



"Percussions Studies"

"Além de compositor, Kampela é um excelente violonista. Sua série Percussions Studies para violão o tornaram conhecido mundialmente. "O violão definiu meu estilo de compor. Quando eu toco o violão, não estou só tocando, mas exercendo o meu ser, funciona como uma explicação de quem eu sou", contou o músico.

Um dos diferenciais dos seus estudos de percussão é a transferência de técnicas de violão para outros instrumentos, como a viola. "Eu queria trazer a minha técnica para outro contexto morfológico. É a reinvenção da função do instrumentalista e a reinvenção do instrumento", definiu Kampela.

Em maio, sua peça Uma faca só lâmina será tocada pela primeira vez por completo em Nova York. O quarteto de cordas, baseado no poema de João Cabral de Melo Neto, foi escrito há 13 anos como peça de conclusão de seu doutorado, e pela complexidade e dificuldade, a primeira e a segunda partes nunca haviam sido tocadas num mesmo concerto.
Além disso, Kampela está escrevendo uma peça para o Collegium Novum Zürich e para a edição de 2014 do festival de música contemporânea MaerzMusik." (2013, Clarissa Neher)


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